Romi-Isetta - o primeiro carro de passeio fabricado no Brasil
Linha de montagem do Romi-Isetta
Um dos primeiros passos para a produção do carro no Brasil foi agendar uma visita à Itália, a fim de negociar um contrato. Junho de 1955. Américo Emílio Romi e Carlos Chiti embarcaram num Lockheed Super Constellation rumo à Milão, onde se encontrariam com Renzo Rivolta, o proprietário da Iso. Emílio passou mal durante o vôo e, assim que desembarcaram em Milão, foram recebidos pela diretoria da Iso que o levou a um hospital. Internado, constatou-se um infarto. Carlos Chiti se incumbiu dos negócios. Chegou-se a um consenso quanto ao direito de licença e aos royalties: 3% sobre o preço de venda de cada unidade. Carlos Chiti revelou, anos depois: "Na verdade, nossa intenção era maior, era convencer a Iso a se associar a nós, investir conosco, montar aqui uma empresa capaz de produzir 50 mil carros por ano. Só que a Iso não tinha recursos: no pós-guerra, as companhias italianas estavam mal de caixa e não podiam investir fora do país, preocupadas em colocar ordem na casa, desarranjada com a guerra. Mas acreditávamos no mercado, no potencial, na marca, e em fabricarmos o primeiro carro brasileiro."
Produzir o Isetta no Brasil era viável, pois sua produção se encaixava em dois requisitos básicos estabelecidos pela Romi:
- produção rápida;
- baixos custos.
A Iso enviou ao Brasil um piloto de testes e técnico, Domenico Stragliotto, que submeteu os dois Isettas importados pela Romi a todo tipo de testes de rodagem, para que se estudasse o comportamento e a durabilidade dos componentes do carro nas ruas e estradas brasileiras.
Na Romi, um pavilhão de estrutura metálica e concreto, com 25 mil metros quadrados, foi construído para se instalarem as linhas de montagem do Romi-Isetta. Ao mesmo tempo, iniciou-se a busca por fornecedores. Em São Paulo, Aldo Magnelli era o proprietário da Tecnogeral, metalúrgica dotada de ferramentaria e estamparia pesada. Contatada pela Romi, a empresa produziria todo o ferramental (estampos) e também se encarregaria de fabricar as carrocerias e chassis. Para isso, também investiu num pavilhão na rua Brigadeiro Tobias. O inovador processo produtivo acertado entre Romi e Tecnogeral previa a entrega, em Santa Bárbara d?Oeste, das carrocerias já montadas e pintadas. A Romi, portanto, procederia à montagem dos componentes ao chassis, assentando posteriormente a carroceria acabada, reduzindo o tempo de fabricação de cada unidade.
Processos similares foram negociados junto aos demais fornecedores, de modo que o índice de nacionalização do Romi-Isetta atingiria 72% do peso do carro: nesse período, já havia mais de 400 fabricantes de autopeças produzindo localmente, reunidos sob agremiações como o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).