Alunos do NEI na casa da Criança em Santa Bárbara d’Oeste
Alunos do Núcleo de Educação Integrada vivenciam a solidariedade na Casa da Criança e no Asilo São Vicente de Paula, em Santa Bárbara d’Oeste.
A criança tem espírito de observação; basta não matá-lo escreveu o belga Ovide Decroly (1871-1932)
Dentre os pensadores da educação, Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender. Compreendendo que o ensino deve “se aproveitar” das aptidões naturais de cada faixa etária, o conceito de interesse é fundamental. A necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento, segundo Decroly.
Estudos como as dos centros de interesses e a defesa de que o aprendizado deva ser prazeroso e responder aos interesses do aluno fez com que a obra de Decroly exercesse forte influência na pedagogia. Assim, escola assume o papel de oficina de aprendizagem. Os métodos e as atividades propostos têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança e o adolescente externem e compartilhem o que aprenderam.
Desta feita, como aprender a aprender “solidariedade”, como despertar o interesse e as aptidões naturais nas crianças e nos adolescentes? Assumindo que “solidariedade” é um sentimento de identificação. Empatia. Que pode remeter para uma responsabilidade recíproca, mas também, consiste no ato de prestar ajuda e sentir-se útil para algo ou para alguém, as professoras do Núcleo de Educação Integrada, Karina Roberta Santos Simpionato e Priscila de Carvalho, problematizaram a seguinte questão: como exercer meu papel de cidadão?
A resposta de dois grupos foi surpreendente. Seus interesses, no exercício da cidadania, voltaram-se para as crianças e os idosos. O grupo formado por Enzo Bigoto, João Vitor Alexandrino, João Vitor Martines, Mariana Leme e Marcela Arruda Leite e por Alice Fogaça Campano Pereira, Ana Júlia Angolini, Larissa Soares Patrício, Nicolly Marcossi de Abreu, Sophia Florencio Guarnieri e Vinicius Pessoa Perugia, iniciaram as atividades de seus centros de interesse por meio de uma investigação de campo sobre como melhorar o bem-estar dos idosos em um país em processo de envelhecimento e de crianças em situação de vulnerabilidade social.
A visita ao Asilo “São Vicente de Paulo” e à Casa da Criança, ambos em Santa Bárbara d’Oeste, despertou neles o interesse em elaborar atividades recreativas e promover uma campanha de arrecadação. Sob orientações das professores e da Sra. Cassia Ribeiro da Costa Silva, Assistente Social da Casa da Criança, e da Sra. Rose Batista, Coordenadora do Asilo “São Vicente de Paula”, os alunos iniciaram a mobilização dos demais alunos do Núcleo de Educação Integrada, funcionários da Fundação Romi, familiares e amigos.
Alunos do NEI no Asilo São Vicente de Paula em Santa Bárbara d’Oeste
A professora Karina pontua que são importantes iniciativas como essa, pois trabalham questões ligadas à colaboração, à solidariedade e à empatia. Segundo ela, “competências necessárias para uma educação integral e formação cidadã”. A professora Priscila acrescenta que “atuar por meio dos centros de interesse faz do processo de ensino-aprendizagem muito mais instigante, rico e produtivo. Nossos alunos escolheram o quê e como gostariam de aprender a aprender e nós, os educadores, os ajudamos a conquistar isso”.
A Sra. Cassia Ribeiro da Costa Silva, Assistente Social da Casa da Criança, conta que a Casa foi fundada em 1958 e é uma instituição assistencial de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, composta por uma rede multidisciplinar de profissionais e voluntários. “São mais de 1.000 os beneficiados pelos programas de Serviço Social de Proteção Básica, de Alta Complexidade, de Acolhimento para Família e de Educação Infantil. O lema da Casa é “amar e servir”, iniciativas como a dos alunos do Núcleo de Educação Integrada, tanto com os donativos quanto do tempo dedicado à interação, é muito importante. Se todos fizerem um pouquinho, formamos uma corrente. O trabalho que fazemos, juntos, é de amar e servir – como diz o lema”.
Estamos formando cidadãos para o mundo. pontua a Diretora do Núcleo de Educação Integrada, Ericka Vitta
A Sra. Rose Batista, Coordenadora do Asilo “São Vicente de Paulo”, conta que o Asilo é uma instituição sem fins lucrativos, fundado em 1925, com atendimento de mais de 70 idosos e ações como esta não são frequentes, sobretudo, iniciativas de crianças e adolescentes. Segundo ela, as visitações aos idosos acontecem mais próximas ao Natal. “A importância disso é a troca de carinho entre o idoso e a criança. A troca de conhecimento. Uma criança vem aqui e conversa com um idoso de 90 anos, que tem muito mais vivência que ela, aprende muita coisa, ao mesmo tempo em que traz para esse idoso todo o seu conhecimento presente, tecnológico, digital, por exemplo. A doação é importante, mas a parte de convivência, a troca, é mais. Para nossos idosos a convivência é formidável. Nem todos aqui têm a oportunidade de saírem da casa, visitarem outros espaços ou familiares, e dialogarem com outras pessoas, por isso, a interação das visitações é importante e benéfica”.
“Ações extramuros como esta, expandem o universo dos alunos”, pontua a Diretora do Núcleo de Educação Integrada, Ericka Vitta. “Faz com que, muito cedo, as crianças e adolescentes acessem algumas realidades e iniciem o processo de compreensão daquilo, e de como suas escolhas e seus comportamentos poderão ou irão impactar naquela meio ou naquelas pessoas. Vivências que, em muitos casos, o espaço escolar ou familiar não viabilizaria. Estamos formando cidadãos para o Mundo”, acrescenta. “Para nossos alunos foi uma experiência grandiosa e estamos certos que, para ambos os espaços, também foi um encontro produtivo. Contudo, sabemos que tanto o Asilo “São Vicente de Paulo” quanto a Casa da Criança, e tantas outras entidades da cidade e região precisam de apoio constante, quer seja financeiro ou econômico, por meio de campanhas, doações, arrecadações ou voluntariado. Por isso, reiteramos que esta foi a primeira de uma série de ações que almejamos instigar nos nossos alunos. Queremos promover a transformação social por meio da Educação e da Cultura, como afirma a Missão da Fundação Romi. Convidamos os cidadãos da região para que sejam solidários. Procurem em suas cidades ou bairros entidades de apoio assistencial e façam parte desta corrente do bem”, finaliza.